Desenvolvimento da fala e da linguagem do bebê
Ouvir o bebê balbuciar sílabas pela primeira vez – os famosos ‘má’, ‘pá’, ‘mamá’ e ‘papá’ – é um acontecimento marcante, capaz de emocionar todos os pais. O pequeno, que até pouco usava apenas o choro como forma de expressão, está mostrando as suas primeiras conquistas no tão importante processo de desenvolvimento da fala e da linguagem, associado à capacidade intelectual e de aprendizagem. Para entender os diferentes estágios desta empreitada, pedimos a ajuda da fonoaudióloga Karine Sandalo Nalesso, especialista em distúrbios da comunicação. Ela nos conta também quais são os erros mais comuns na conduta dos pais, que podem atrapalhar o progresso do bebê, e recomenda diferentes exercícios para estimular a fala.
Qual é a média de idade para o bebê começar a balbuciar as primeiras sílabas, como ‘mama’ e ‘papa’?
Espera-se que entre 1 e 3 meses o bebê comece a balbuciar, gorgolejar, suspirar, dar risada e imitar sons. Dos 4 aos 6 meses, surgem as primeiras sílabas, junção de uma consoante e uma vogal, como o “ma”, “pa”, “da”. O desenvolvimento da linguagem pode ser orientado pela aquisição dos sons mais anteriores [p, b, m, t, d] e por último os mais posteriores e vibrantes [k, g, r], mas é importante ressaltar que cada criança deve ter sua individualidade respeitada.
E para formular palavras e frases completas?
A partir dos 3 anos a criança deve ser capaz de falar frases simples e com ideias completas, usando pronomes e verbos simples.
A partir de qual idade o ‘silêncio’ deve começar a ser investigado, pois pode estar associado a algum problema?
Crianças que falam muito pouco chegam ao consultório levadas por seus pais próximo aos 3 anos de idade. Nessa faixa etária, espera-se uma fala mais desenvolvida. A avaliação fonoaudiológica pode ser realizada em crianças mais novas, com por exemplo 2 anos, e torna possível uma orientação sobre o estímulo da linguagem, a avaliação e o acompanhamento no desenvolvimento da fala. Quanto antes as dificuldades forem identificadas e compensadas, melhor será o desenvolvimento da comunicação. Atualmente, uma criança com 3 anos de idade que não fala precisa ser acompanhada.
Existem padrões, hábitos e tipos de fala aos quais a mãe deve ficar atenta? Existem vários tipos de trocas dos sons da fala, as fonéticas, as fonológicas, as omissões entre outras. É importante que um fonoaudiólogo avalie se a criança tem dificuldades por alterações ósseas e musculares ou por alterações de ordem semântica, pragmática, na linguagem e no processamento auditivo. Os pais devem se preocupar quando a criança tem um discurso muito confuso, se tem vocabulário muito reduzido, e vale ressaltar a gagueira, que pode ser diagnosticada logo que a criança começa a falar.
Os principais erros dos pais, segundo a profissional:
– Ignorar a fala da criança e achar que tudo é ‘normal ou da idade’.
– Não conversar dialogicamente com os filhos, não respeitar os turnos de fala. Grande parte dos pais falam mas não ouvem seus filhos, dificultando o desenvolvimento da fala.
– Oferecer para a criança tudo que ela aponta, interpretando o gesto sem necessidade da fala. Se a criança não precisa falar para conseguir o que quer, a função comunicativa se perde.
Karine Sandalo Nalesso
Fonoaudióloga CREFONO: 12773
Mestranda em Saúde, Interdisciplinariedade e Reabilitação FCM/UNICAMP
Especialista em Distúrbios da Comunicação: Voz
Contatos: (19) 34348977 ou karinenalesso@hotmail.com