Retorno ao Trabalho após a Licença Maternidade
Foi exatamente como algumas pessoas me contaram que seria: a gente sofre mais por antecipação do que com o retorno ao trabalho em si. Para quem não sabe, além dos blogs eu tinha outro emprego. Sim, “tinha” no passado, porque saí. Mas isso é assunto para o próximo post, antes vamos falar do retorno ao trabalho. Tive sorte de ter 6 meses de licença + 1 mês de férias. É bastante comparado com a maioria das trabalhadoras brasileiras que só podem contar com 4 meses, mas ainda sim é pouco, né? Na verdade, achei uma sacanagem ter que voltar ao trabalho e deixar o bebê bem na melhor fase dele! Sim, porque é depois de 6 meses que o bebê começa a brincar com aquele monte de brinquedinhos que a gente compra. É quando ele senta já mais firme e interage mais com a gente. Depois de 6 meses que dá para levar o bebê na piscina ou até mesmo começar uma aula de natação mamãe-bebê. É quando começa a introdução alimentar, uma fase tão importante e interessante. Depois vem o engatinhar, o andar, falar.. E temos que perder tudo isso? A gente fica em casa por 4 ou 6 meses, bem quando o bebê ainda não interege nada, e na melhor hora temos que dar tchau? Achei muito difícil. Queria muito morar na Finlândia ou qualquer país nórdico, onde a licença maternidade remunerada é de 1 ano. Depois que virei mãe, entendi a importância do primeiro ano do bebê – a fase mais importante do desenvolvimento de novas habilidades, a fase que o bebê mais precisa de afeto e atenção. Muito mancada não podermos nos dedicar à isso por termos que voltar a trabalhar.
Lembro que na véspera de retornar ao trabalho, eu deixei minha agenda totalmente livre para me dedicar ao Nicolas como se não houvesse amanhã. Passamos o dia todo grudados, fomos ao clube, brinquei com ele no tapetinho, abracei e beijei muito. Na madrugada, quando ele acordou para mamar, ele mamou fazendo carinho no meu cabelo (caindo uma lágrima aqui só de lembrar). É uma das melhores lembranças que tenho deste período, parecia que ele queria dizer “pode ir mamãe, fica tranquila”. Era ele fazendo carinho em mim, e não eu nele.
Mas diferente do que está parecendo, eu não sou contra voltar ao trabalho, muito pelo contrário, sou totalmente à favor! Eu amo trabalhar, ter minha independência financeira, realizar sonhos profissionais (eu só queria que a licença maternidade fosse de 1 ano!!). No dia que voltei ao escritório, foi muito mais tranquilo que imaginei. Faz bem para nossa auto estima voltar ao trabalho, ter uma vida diferente daquela rotina de ficar em casa cuidando de bebezinho. Foi ótimo poder rever as pessoas, conversar sobre diferentes assuntos, almoçar uma comida diferente, resolver assuntos profissionais.
Ainda na gravidez, eu escutei uma coisa de uma amiga que me marcou muito. Voltar ao trabalho, fazer um trabalho bem feito e com amor, é deixar seu filho orgulhoso do que você faz. Quando ele crescer e perguntarem o que a mãe faz, ele vai responder com orgulho sobre o trabalho da mãe, seja qual for. Isso me marcou. Se você estiver sofrendo pelo retorno ao trabalho, lembre-se desta frase: seu filho vai sentir orgulho do lado profissional da mãe.
E assim eu voltei ao trabalho. Voltei super dedicada, querendo ser uma profissional melhor. Voltei até empolgada. Optei por deixar meu Nicolas com babá, como já comentei neste post. A babá me mandava notícias ao longo do dia sobre a alimentação, brincadeiras, progressos, coco, tudo. E quando eu chegava do trabalho, apesar de não ter ficado o dia inteiro com ele, eu dedicava as horas que estávamos juntos com muita qualidade. Isso que é importante, não é a quantidade de horas perto do seu filho e sim a qualidade.
A grande verdade é que não existe certo ou errado, e sim o melhor para cada família. As mães que trabalham certamente invejam em algum momento apenas que podem desfrutar de se dedicar integralmente aos filhos. As que não trabalham, em algum momento tem crise querendo ter uma liberdade de realização profissional ou financeira. Seja qual for a sua opção, abrace-a, ame sua decisão, e você ficará tranquila.
Mas no meu caso, a questão é um pouco mais complicada, porque além de ter um bebê em casa, trabalhar como diretora de uma empresa, eu tenho minha empresa própria com 2 blogs e conteúdo diário para ser gerado. Dar conta de tudo com qualidade seria realmente complicado e chegou o momento de eu decidir qual trabalho me dedicaria, ser funcionária de uma empresa onde eu estava há 11 anos ou comandar a minha pequena empresa. E assim veio a decisão de comandar apenas a minha empresa – isso será assunto do próximo post.
Ainda me restam dois meses grudadinha com meu bebê, mas já comecei a sofrer. Obrigada por essa mensagem tranquilizadora! ❤
Olá Fernanda! Sofremos muito por antecipação mesmo! Eu sofri tanto que decidi ainda na licença que não vai voltaria mais . Também acho a fase mais importante de todas.
Com relação ao tempo de qualidade, acho muito interessante a parte final do livro “Besame mucho”, na qual o Dr. Gonzalez fala “Em qualquer trabalho ou atividade, […] só podemos ser bem sucedidos através de ‘dedicar horas’. Por que pretendem convencer-nos de que cuidar dos nossos filhos é justamente a única atividade humana na qual o tempo fica elástico?”.
Sucesso pra você!
Beijos
É mesmo complicado, passei por isso por duas vezes! Não tive como não voltar, porém, dessa vez, me mudei para perto do trabalho, assim consigo almoçar com ele e amamentar. Também quero uma licença de 1 ano, a real é que os dois primeiros anos são tão importantes e poucos pais podem se dar ao luxo de dedicar esse tempo à criação dos filhos. 😉
Fernanda, como é bom ler seu blog! Sem frescura, cheio de emoção, mas sem perder a razão de vista.
Fernanda,
Ainda não tenho filhos mas amo este seu blog. Sinto como se fosse uma amiga me contando sua experiência de vida. Adoro ler!
Estava curiosa por este post desde que você voltou a trabalhar. Minha mãe parou de trabalhar para cuidar dos filhos. Chegou a voltar da licença depois que eu nasci, mas não aguentou muito tempo. Para mim e minha irmã era ótimo temos mamãe em tempo integral para nós, mas pra ela, principalmente quando eu e minha irmã paramos de ocupar tanto tempo, foi muito custoso! Eu lembro de perceber isso na adolescência. Acho importantíssima certa vida independente da mãe!
Te desejo, de coração mesmo, muito sucesso nessa nova fase profissional. Seu trabalho é feito com verdade e amor, por isso vai longe!
Beijos
Ler seu texto fez passar um filme na minha mente.
Quando saí de licença maternidade, nos primeiros dias com um bebê recém-nascido nos braços e EM CASA, eu só pensava em voltar trabalhar, sentia falta da rotina anterior e contava os minutos para licença terminar.
Bom, como você, também fiquei 7 meses de licença, e quando estava prestes a voltar trabalhar, faltando, acredito, que umas duas semanas, a única coisa que conseguia pensar era que não tinha sabido dar valor suficiente àqueles primeiros dias, me sentia uma mãe horrível por não ter sabido valorizar aqueles primeiros dias como minha filha merecia.
Resultado: chorava desesperadamente só de pensar em voltar a trabalhar. Olhava para aquele rostinho lindo, sentia aquele cheirinho maravilhoso e chorava, chorava e chorava.
Reuni toda a coragem do mundo, pensei muito no tal do orgulho que minha filha sentiria de mim, uma mãe que a ama demais, mas que volta a trabalhar por ela e para ela. E voltei.
A ida de casa ao trabalho foi terrível. Fui chorando de casa até o trabalho. Mas quando lá cheguei, como por mágica, parece que a profissional reapareceu e as coisas foram entrando nos eixos, quando você menos espera já está readaptada e o melhor volta para casa para dar amor e atenção ao bebê plena e de uma forma muito gostosa.
O meu retorno acabou sendo um pouco mais doloroso porque minha filha uma semana depois, uma semaninha depois, do meu retorno, foi internada com bronquiolite e acabou ficando 13 dias no hospital, sendo que 3 deles na UTI e outros 3 na semi-intensiva, então isso piorou um pouco as coisas. Aí claro que veio aquele culpa inerente às mães, e eu, como não poderia ser diferente durante a doença só pensava que ela tinha adoecido porque eu a coloquei na escolinha. Depois percebi que ela pode ter pego a doença em qualquer lugar e não necessariamente na escola. Mas isso já é um outro assunto……rs
Hoje ela está com 2 anos e 4 meses, ama a escolinha, não fica mais doente com a frequência que ficava no começo e eu continuo trabalhando no mesmo lugar e quando chego em casa sou totalmente dela.
Olá Fernanda.
Sempre soube que teria dificuldade no retorno ao trabalho após a licença maternidade. Mesmo antes de engravidar. E assim foi. Lembro de chegar tarde em casa em um dia de chuva e encontrar o meu bebê já dormindo. Ajoelhei perto do berço e chorei horas seguidas. Hoje, 1 ano após o retorno da licença maternidade, fui demitida. Certamente eu já não produzia como antes. Não porque não quisesse, mas eu já não podia fazer as mil horas extras que fazia antes. Isso talvez tenha passado a impressão de “desmotivação”, o que culminou na demissão. Hoje, decidi ficar em casa, cuidando do bebê e estudando para concurso. E apesar da preocupação financeira, me sinto aliviada em saber que vou poder aliviar de pertinho esta fase tão importante do meu bebê! Beijos no gostozento 😉