Escolhendo o pediatra do meu filho

Em 2012, bem no começo do blog e quando eu nem pensava em ser mãe ainda, escrevi um post sobre a escolha do pediatra. Me parecia relativamente fácil. Ainda grávida, pedi indicações para meu obstetra. Liguei para alguns, agendei uma consulta antes mesmo de Nicolas nascer. Em alguns fui sozinha, em outros meu marido conseguiu ir comigo. Achei que seria caso de amor à primeira vista, que teria uma super empatia com algum deles e pronto, estaria escolhido. Mas na verdade, antes de Nicolas nascer, não consegui decidir pelo pediatra, achei bem complicado escolher sem ter tido uma consulta com o bebê.

Percebi que aquilo que eu havia escrito no post em 2012 era muito vago. São muito mais itens importantes para serem avaliados como: ter disponibilidade de consultas no fim do dia, horário que meu marido pode me acompanhar; Ter disponibilidade por WhatsApp para dúvidas rápidas; Ter disponibilidade de horários de encaixe para emergências; Ser perto de casa ou fácil acesso e fácil de estacionar, porque com um bebêzinho, isso conta muito. Mas o principal de tudo aprendi lendo o livro Bésame Mucho do Dr. Carlos González, e reproduzo aqui um parágrafo: Consultar um pediatra sem saber se ele é partidário do carinho ou da disciplina é tão absurdo quanto consultar um sacerdote sem saber se ele é católico ou budista, ou ler um livro de economia sem saber se o autor é capitalista ou comunista“. 

Em minha peregrinação por vários pediatras já com o bebê, passei por médicos com consultas de menos de 15 minutos, consultório lotado, parecendo querer faturar mais, sem dar devida atenção para mãe e filho. Passei por pediatra que mal encosta no bebê. Passeio por muitos pediatras que têm interesse zero na amamentação. Descobri através de histórias absurdas que muitos pediatras são os maiores desestimuladores da amamentação. Fui num pediatra que na primeira consulta, após eu contar que estava amamentando exclusivamente no peito, me olhou como seu eu fosse um ET, me receitou dar fórmula (tenho o papel do consultório com a receita para comprovar) e me disse, com essas palavras: “Você pode dar leite artificial e para as amigas você diz que é leite materno“. Oi? Primeiro que não preciso mentir para minhas amigas, sou uma pessoa segura de mim mesma. Mas mais importante – se a mãe por algum motivo não consegue amamentar, o leite é insuficiente e precisa complementar com leite artificial, OK – graças a Deus o leite artificial existe para isso. Mas no meu caso, que tenho bastante leite materno, pra quê desestimular a amamentação?

Por isso é importante saber em qual pediatra está indo e ter o discernimento de interpretar o que ele está falando. Se eu fosse seguir o que este pediatra (famoso) me disse, eu teria parado de amamentar meu filho e estaria dando fórmulas – seria talvez mais prático para mim que não parei de trabalhar nenhum dia sequer desde o nascimento do Nicolas, qualquer pessoa poderia dar mamadeira e eu não precisaria ficar “à disposição” do bebê para livre demanda. Mas eu amo ficar à disposição dele, amo amamentar, amo cuidar, brincar, dar colo. E isso tudo trabalhando no conteúdo de 2 sites ao mesmo tempo e gerenciando a equipe dos blogs, sem ter parado um dia sequer. Hoje meu bebê tem quase 5 meses de 100% leite materno e estou muito feliz com o ato de amamentar.

Os pediatras que escolhi foram aqueles que me parabenizaram, apoiaram e incentivaram pela amamentação (estou escrevendo no plural porque gostei de dois). Foram os que realmente fizeram consulta sem pressa, estavam com boa vontade para tirar todas as dúvidas. Foram os que passaram bom tempo analisando meu bebê. São os que me passaram uma energia boa, me fizeram sentir à vontade de estar ali. São também os que me passaram o celular para tirar dúvidas por whatsapp e atendem consultas encaixe de emergência se precisar, mas isso não foi o mais importante porque todos que passei assim fazem.

Eu ia indicar os contatos aqui no fim do post, mas mudei de ideia porque o objetivo não é fazer “propaganda” destes médicos – tenho certeza que existem milhares de ótimos pediatras por aí que não tive a oportunidade de conhecer (se alguém quiser as indicações, é só me enviar um e-mail). O objetivo do post é pedir que saibam avaliar se o que o pediatra te fala é realmente de acordo com as suas convicções, que não deixem serem desencorajadas da amamentação só porque existe um apelo comercial por trás de marcas de fórmulas pagando viagens para estes pediatras que indicam fórmulas e assim por diante. Amem a decisão da escolha do pediatra do seu filho.

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